Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves, conheça história da igreja feita com vinho. No estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, fica o Vale dos Vinhedos: Com sua paisagem de colinas verdes ondulantes, intercaladas com fazendas, pode-se facilmente confundir a vista com uma Toscana.

Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves, conheça história da igreja feita com vinho

 

Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves

O estado produz 90% do vinho do país, com mais de 30 vinícolas, só no Vale dos Vinhedos. No coração deste município encontra-se uma igreja, chamada Capela Nossa Senhora das Neves. Embora pequena e modesta, este edifício destaca-se de uma forma particularmente diferente: Foi construído com vinho.

A origem vinícola da igreja é detalhada na sua decoração. A pequena capela tem um altar feito de barris de vinho, e o exterior é emoldurado com tinta vermelho-vinho.

Mas a argamassa para juntar os tijolos das paredes da igreja foram feitos de vinho: Um testemunho da criatividade dos imigrantes locais italianos, diante de uma seca extenuante. O vinho criou uma base sólida para sua construção e para sua nova morada no Vale dos Vinhedos.

Muito antes da construção da capela do vinho, há um século, a terra foi originalmente ocupada pelos Tupí-Guaraní e outros povos indígenas. No século XVII os missionários jesuítas vieram da Europa com missão para evangelizar.

No século XIX, imigrantes italianos se estabeleceram no vale, a maioria deles das regiões norte do Vêneto e Trentino. Esses imigrantes eram em sua maioria agricultores que foram atraídos para o sul do Brasil pela promessa de ter suas próprias fazendas.

Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves

O Governo Imperial ajudou a atrair muitos para a região. Os descendentes de imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul em 1878, “o governo decidiu ocupar as terras sem posse legal”.

Naquela época, ainda tinha escravidão, que durou até 1888. Para enfrentar a iminente escassez de mão-de-obra, sua solução foi “convidar, trazer ou contratar” europeus. Os imigrantes da Itália, Portugal e Espanha eram particularmente ideais porque eram católicos.

Com esta decisão, o governo imperial se propôs a deixar esses colonos cultivar as terras em todo o país.

Quando os italianos desembarcaram na cidade portuária de Porto Alegre, receberam terrenos para se estabelecerem na região da Serra Gaúcha, uma área de morros íngremes e terrenos rochosos no Rio Grande do Sul.

A vida no futuro o Vale dos Vinhedos logo foi terrível. A doença era galopante e em vez dos castelos prometidos, as famílias viviam nas condições mais duras do campo, muitas vezes sem comida.

Mas muitos sobreviveram, e após uma espera de quatro anos, os imigrantes receberam os papéis para a terra que lhes havia sido atribuída.

Para restaurar as comodidades de sua terra natal, os colonos criaram gado para se abastecer de carne e queijo, e cultivaram frutas e verduras. Acima de tudo, eles começaram a plantar videiras a partir das mudas trazidas pelos alemães.

Logo eles começaram na produção de vinho, como fizeram na Itália. No solo fértil e no sol quente da Serra Gaúcha seus vinhedos prosperaram.

Como os imigrantes italianos se estabeleceram em seu novo país, muitos logo se voltaram para a construção de uma capela local. “A igreja se tornou um ponto de entrada, um lugar onde eles podiam se reunir”.

Na nova cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a construção de Nossa Senhora das Neves foi liderada por Marco Valduga, membro de uma das primeiras famílias italianas da região do Vale dos Vinhedos.

Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves

Inspiração da imagem da Virgem Maria ou de Nossa Senhora das Neves

Sua inspiração veio de seu retorno à Itália. Conta a lenda que numa manhã fria em sua terra natal, Valduga viu que alguma neve havia caído na imagem da Virgem Maria ou de Nossa Senhora das Neves.

Esta visão o inspirou. “Seu vizinho, que era escultor, pegou um pedaço de madeira e esculpiu o quadro”. Antes de Valduga partir para o Brasil, “o vizinho deu a imagem a Marco e pediu-lhe que construísse uma igreja em honra de Nossa Senhora das Neves”.

Em 1904, pouco depois de terem se mudado para a região, a Valdugas e outras 20 famílias começaram a construir. Eles cortam pedras e fazem argamassa a partir de argila e água.

Mas depois aconteceu uma catástrofe. Durante dois anos a terra foi atingida por uma intensa seca e não havia água suficiente para continuar o trabalho. A seca foi punitiva e fez com que as culturas se murchassem à medida que se espalhava pela região.

Capela Nossa Senhora das Neves Bento Gonçalves

Segundo a história, as famílias locais decidiram apelar para Nossa Senhora das Neves para encontrar uma solução. “Manchas vermelhas nas pedras da igreja foram notadas durante a oração”, lembrando manchas de vinho.

“Então o padre disse a todos na igreja para pararem de orar e que ele tinha a solução”. Eles usariam seu vinho ao invés de água para fazer a argamassa para a igreja ser terminada.

Cada família local doou 300 litros de seu próprio estoque de vinho. Depois de amassar a argila com o vinho e adicionar palha de trigo para a estabilização, havia argamassa suficiente para cimentar seus tijolos juntos.

Todos na comunidade estavam envolvidos na construção e a capela foi concluída em 1907

 

Depois de mais de 100 anos de uso e desgaste, a capela está sendo restaurada por profissionais. Segundo Rui Stefani, restaurador de um prédio local, “o trigo ou a palha misturada ao vinho nunca foi suficientemente seca ou cozida porque não eram técnicos”.

Algumas das paredes interiores têm grandes fissuras, e a alvenaria pode ver através do reboco. Técnicos estariam remendando essas rachaduras e trabalhando em planos de restauração adicionais.

A história da Capela Nossa Senhora das Neves tem sido passada de geração em geração, e Stefani, juntamente com outros pintores locais, acrescenta um mural em uma das paredes internas, retratando a história da capela.

No entanto, a capela não abriga mais cultos religiosos. Segundo a secretária executiva do Bureau de Convenções de Bento, “a igreja agora só é usada como local turístico e de visita”. (Ela também aponta que a cidade de Bento Gonçalves recebeu mais de 150 mil visitantes no ano passado, muitos deles atraídos pelo status da cidade como polo do vinho brasileiro).

A capela ainda é muito apreciada pelos locais, não só como símbolo de sua fé, mas também como reflexo dos ideais no momento de sua construção e do trabalho das pessoas que ali se estabeleceram.

Para muitos, a igreja reflete a determinação de construir comunidade através do trabalho duro e da fé, para não falar do vinho.

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